Chego
a dar risadas desumanas ao lembrar de quantas noites já colecionei, quantas
vidas vivi e quantos sorrisos me encantei, não percebemos, mas somos a soma de
todas as nossas noites, sim, também sobrevivemos aos dias, ao sol e a loucura
da humanidade na sua corrida inútil contra o tempo, buscando o nada,
construindo a nossa destruição e acreditando em alguma espécie de evolução,
acreditando que somos bons por destruir todo esse maldito e cansado planeta,
por mim devolvia para os dinossauros.
Bom,
como dizia, foi em uma noite de junho, a pelo menos 13 anos atrás, o vinho se
derramava, os bêbados acreditavam ser doutores e bonitos, ou por vez eram
deuses, eu tomava meu copo lentamente aproveitando aquele néctar perfeito de
uma garrafa de 1,50 R$, alguns baforavam o velho derby, outros assustado
achavam tudo aquilo insânia e despropósito e nesse ponto chego a pensar quem é
pior.
Lá
estava ela, grandiosa, Afrodite, Helena de Tróia, com seu sorriso de 1 milhão
de nuances e formas, inundando todo meu olhar, fazendo-me sentir feliz apenas
por observar, contentava me com isso, porque haveria de querer? Porque haveria de
tomar aquilo, de perder aquele sonho de apenas contemplar, talvez fosse louca
ou fosse imbecil, minha felicidade estava apenas em simplesmente ser feliz por
estar naquele lugar:
- toma frente, fale com ela -algum amigo falara-
- estou tomando meu vinho e contemplando Helena, se chegar perto, perderei isso
- covarde
- toma frente, fale com ela -algum amigo falara-
- estou tomando meu vinho e contemplando Helena, se chegar perto, perderei isso
- covarde
Passaram-se 5 minutos, ela partiu por dentro da noite, sumiu na lua, e eu guardei seu sorriso de um milhão de sonhos, e sinto-me feliz por isso...