“coleção de tampinhas, uma rede
embalada entre as rótulas”
Domingo, era o dia de comemorar a
vida outra vez, acordava com os olhos tortos, caminhava até a cadeira e alguma
música fazia a vida renascer, renascia para outra morte, é a mesma sensação de
que era preciso outro porre para que a vida continuasse a ter sentido, assim,
eu me via dois anos atrás, entre cada gole pensava, lá se vai outra garrafa de
pensamentos, outras quimeras repartidas, assim talvez desejasse me ver, caminha
pra onde? Até a ponte do sul? Não percebe que está muito além dessa maldita
chuva e esses raios que emplacam medos, mais medos para nossas vidas temerosas,
goles por entre goles, tudo mais claro, todas as incertezas sumidas, é preciso
saber o que se quer, agora sou o SUPER-homem de tudo, eu posso, eu quero, eu
vou!
Ressaca, ressaca, agora tudo
parece cinza, normal, mas a chuva ontem não era a louvação do nascimento de um
novo homem? Novo homem? Do que vale um novo nascimento se a maioria está
enterrada na mesma cova logo detrás de seus cotidianos de merda e mesmice,
ressaca; não, é apenas uma vida sem loucuras, Deus, como podem conseguir
sobreviver a esta merda por tanto tempo dessa forma?
Goles menos, goles a mais, aqui
vamos nós...