Esta poesia é algo que mais me alegro em ter juntado, pois penso que a poesia está solta por aí, nós apenas temos que juntar as palavras e dar impressões de demências e é justamente e simplesmente o que faço...
Madrugada quase inerte: pêndulo incerto (frieza)
Semelhanças abusivas entre uma folha e um grito
Corpos entrecortados pela constante aurora
Pedras no telhado, gemidos nas alcovas
Uma estrofe: “sonho que se sonha só”*
Não tenho impressão do paraíso e nem poderia ter
Modelos fabricados! Anjos pintados, tudo reinventado
Chifres, asas, trombetas, alvura estonteante
Tudo fabricado, tudo artisticamente pintado
Como poderia tentar uma primeira impressão do paraíso?
Olhar em seus olhos de desejos? Sentir em teu fogo de volúpia?
“Paraíso” ou pinceladas de prazer em manifestações incontidas
Por que todo um paraíso teria que ser branco?
Não gosto de branco, gosto de azul, vermelho, lilás e porres alucinantes
Sentido a flor dos ossos
Nesta viagem inventada
Toda e qualquer fantasia
É mera luz na estrada
Primeiras impressões
Paraíso?
Paraíso?
Paraíso?
Sonho?
Acorda!
Primeiras impressões:
Levanta, água fria, ônibus lotado
Mais um dia na cidade desencantada
*Raul Seixas
Muito bem, Amurim... Gostei dos textos. Coisa de grande qualidade e de quem já está maduro para desenhar sentimentos com palavras. Um abraço!
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